segunda-feira, 15 de setembro de 2008

O Segredo de Um Cuscuz - Abdellatif Kechiche (25 Setembro, 21h30m, AMAC)



Césares
Melhor Realizador, Melhor Filme Francês, Melhor Argumento Original, Melhor Esperança Feminina, Melhor Montagem (nomeação)
Prémios lumière
Melhor Realizador, Melhor Esperança Feminina
Prémio Louis Delluc
Prémio para Abdellatif Kechiche
Festival de Veneza
Prémio Fipresci para Melhor Filme, Prémio Marcello Mastroianni para Hafsia Hersi, Menção Honrosa para Abdellatif Kechiche do Prémio Signis, Prémio Especial do Júri, Nomeado para o Leão de Ouro
Étoiles d’or
Melhor Realizador, Revelação Feminina, Melhor Filme, Melhor Argumento



Slimane é um homem velho e cansado que é despedido do porto francês onde trabalha. Ele encontra um novo objectivo de vida quando a sua extensa família, incluindo a sua mulher separada e a sua amante, que é dona do hotel onde ele reside, decidem abrir um restaurante de cuscuz. Mas a noite de estreia tem algumas surpresas consequentes. Abdellatif Kechiche apresenta a sua experiência sábia, ambiciosa e realista, explorando temas pessoais e sociais.


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Nota de Intenções

Parti de uma pura fantasia popular, o género de histórias que se gosta de contar nos bairros, o mito daqueles que “se safaram”, dito de outra forma, que escaparam à escravidão moderna que representa uma situação profissional precária, ao criarem o seu próprio negócio; para o tratar com uma certa ironia e capacidade em soltar o relato que permite a escolha narrativa do conto. Trata-se portanto de um relato de aventuras, onde a dimensão humana das personagens, mesmo quando elas se encontram num grupo, ou numa acção forte, como é o caso na precipitação dramática da segunda parte, tendem a constituir o motivo central. Isto abstendo-me de me concentrar e de manter o interesse em volta desta acção principal, à qual me apego pela sua forte dimensão simultaneamente eufórica e simbólica, era para mim, paradoxalmente, importante deixar livre curso às digressões que se pudessem vir encavalitar ao relato, como a tantas escapadelas justificadas pelo simples prazer contemplativo dos acontecimentos da vida quotidiana desta novela familiar.
A aliança entre a dimensão romanesca, e a devolução das personagens e do seu ambiente, é para mim primordial pois, por um lado, o meio descrito é aquele ao qual pertenço, e por outro, porque é também em reacção a esses esquemas ainda demasiado frequentemente redutores, que eu queria representar esta família de “Francese-Árabes” na sua complexidade, e investida na abertura de um restaurante familiar, portanto voltada para um futuro que não seja forçosamente sinónimo da negação da sua própria singularidade.
Fazer a defesa enérgica e descomplexada do direito à diferença, sem pelo tanto cair na estigmatização desprezável e redutora da representação exótica, constitui um duplo objectivo, essencial, ao qual o meu olhar afectivamente investido me predispõe, acho.
Abdellatif Kechiche

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