quarta-feira, 8 de julho de 2009

Gran Torino - Clint Eastwood (9 de Julho, 21h30m, AMAC)


Ficha Técnica

Título Original: Gran Torino
Realizador: Clint Eastwood
Ano: 2008
Países: EUA / Austrália
Duração: 116 min.
Classificação: M/12
Sites: IMDB | PTGate | Oficial

Crítica

Depois de Changelling eis que Clint Eastwood nos brinda com este Grand Torino. No filme Eastwood interpreta o papel de um duro veterano da guerra da Coreia, Walter Kovalski (Clint Eastwood) que, depois da morte da mulher, se dá conta de que a comunidade onde estava inserido se modificou e agora os seus vizinhos são Hmongs, elementos de uma tribo do Sudoeste asiático que se aliou aos americanos contra os Vietcongs. Apesar de racista e xenófobo, os acontecimentos levam-no a aproximar-se de um jovem dessa comunidade, Thao (Bee Vang), da sua família e dos seus problemas, nomeadamente a sua resistência em integrar os gangs organizados de Hmongs que atacam na vizinhança. Esta resistência trará inúmeros problemas à família que de uma forma ou de outra atingem também Kovalski a um ponto que modifica toda a sua vida.

Esta personagem é o pilar sobre o qual se ergue toda a construção narrativa e a meu ver o aspecto mais positivo da obra. Duro como os duros de antigamente, preconceituoso, resistente à mudança e às investidas do padre da comunidade que, para satisfazer o último desejo da sua esposa, insiste com este para se confessar, Walter Kovalski é uma figura convincente e muito bem conseguida por Eastwood. As suas contradições, o zelo com que cuida do seu Gran Torino de ’72, a amizade que subtilmente vai desenvolvendo por Thao e pela sua família são credíveis e transformam-no certamente numa personagem que ficará marcada na memória dos espectadores. No entanto, o filme peca a meu ver pelo peso demasiado do argumento. O desenrolar dos acontecimentos, os actos de vingança e de reacção a estes, os ambientes de subúrbio degradado, pejam a história de um ambiente negro e soturno que lhe retiram verosimilhança. A vida não é necessariamente a preto e branco.

A abordagem do melting pot americano e dos conflitos gerados por esses choques culturais é interessante e abre-nos as portas para o universo de uma comunidade disseminada pelos estados unidos, os Hmongs, cujos hábitos são muito pouco conhecidos. O argumento consegue surpreender várias vezes o espectador e Eastwood está no seu melhor, ainda assim o filme não me convenceu totalmente e lembrou-me, ao contrário do que aconteceu com as obras com que nos brindou nos últimos anos, as cowboyadas do velho Oeste.

Ana Campos, Portal Cinema

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