domingo, 22 de março de 2009

Diário dos Mortos - George Romero (26 Março, 22h00, AMAC)

Ficha Técnica

Título Original: Diary of the Dead
Realizador: George Romero
Ano: 2007
País: EUA
Duração: 95 min.
Classificação: M/18
Sites: IMDB | PTGate | MySpace

Crítica

Quem sabe, sabe….

E isto nota-se, muito bem, nesta quinta incursão de George A. Romero no mundo dos zombies.
Cruzando, como sempre, o cinema de terror (sempre impregnado de um corrosivo humor), com uma inteligente analogia ao Mundo que temos, (neste caso, a incapacidade humana de lidar com as mudanças dramáticas ao normal das coisas: está lá, bem visível, uma referência ao caos consequente ao Katrina); neste filme o realizador faz, também, um extraordinário estudo sobre as imagens, ou o excesso delas, e a relação que cada um de nós tem com elas.

A “velha” ideia de que ao olharmos uma imagem, mesmo que documente um acontecimento real, estamos sempre a ficcioná-la (cada um tem a sua perspectiva, cada um pensa o que vê à sua maneira) e, que no filme ainda está presente na necessidade da personagem juntar música ao documentário dos acontecimentos para nos assustar, foi substituída por uma relação completamente nova entre quem vê e o que é visto. Há uma relação de distanciamento, uma nova forma de ver sem nos relacionarmos com as imagens, provavelmente quase sem emoção. A capacidade actual de criar imagens a partir de inúmeros suportes e com enorme facilidade, torna a interacção com elas numa relação de vício, o que quase anula o prazer de ver (por exemplo, e num aparte, já repararam que nos concertos os espectadores já não vêem ou ouvem, para apenas captarem imagens que, no dia seguinte colocam na net).

A utilização, no filme, de imagens como se tivessem realmente sido captadas durante os acontecimentos, misturando imagens captadas supostamente pelos personagens com imagens de câmaras de vídeo dos locais onde se passa a acção apenas reforça esta ideia da banalização das imagens e da consequente pouca importância que cada uma delas tem nos nossos dias. Adoramos poder ter acesso há enorme quantidade de imagens que nos mostram a todos os momentos, mas desistimos de as pensar dando como desculpa exactamente esse excesso.

E, não deixa ser um muito bom filme de terror, porque também é isso que ele é, perdendo aqui um pouco pelo necessário excesso de discurso.

Um filme muito inteligente de Romero.

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