domingo, 15 de março de 2009

Blade Runner: Versão Final - Riddley Scott (19 Março, 21h30, AMAC)


Ficha Técnica

Título Original: Blade Runner: The Final Cut
Realizador: Riddley Scott
Ano: 1982 (original), 2007 (versão final)
País: EUA
Duração: 117 min.
Classificação: M/12
Sites: IMDB | PTGate | Oficial

Crítica

Pode-se considerar Blade Runner como o verdadeiro filme de culto? Este foi um filme que foi mal recebido pela opinião critica e pelo publico, aquando a sua estreia, e só ganhou “momentum”, em 1992 quando surgiu o primeiro “director’s cut”, desde então o filme adquiriu uma mística diferente, ganhando a sua legião de fãs que até então estava adormecida. E sejamos justos, este é um grande filme, ultrapassável por muito poucos, um filme à frente do seu tempo, e injustamente mal recebido na altura, devido a uma conjectura muito desfavorável.

Senão vejamos…
  • O público quando viu anunciado o filme de Ridley Scott, pensou que iria ver um espectáculo no género de Star Wars. A produtora assim o fez promover, e a partir do momento em que o filme estreou rapidamente, o Word of Mouth do publico fez com que o filme saísse rapidamente das salas de cinema.
  • Na semana em que o filme estreou, foi muito próximo de estreias como E.T. e The Thing de John Carpenter. Concorrência feroz, e objectos distintos do filme de Scott, mas que dá para ilustrar um pouco qual era a procura do publico norte-americano. E neste caso quem ganhou foi o Senhor Spielberg...
O problema foi mesmo esse… Blade Runner oferece muito, mas nada do que podemos estar à espera. E provavelmente os cinéfilos da altura sentiram isso e alienaram o filme. Adaptado de um romance de Phillip K. Dick Do Androids Dream of Electric Sheep? O filme é uma reflexão sobre o maniqueísmo do homem perante as coisas que cria. O complexo de Deus e a perda de controlo sobre a criação. Um eterno dilema entre criação e criador. A permanente busca de um sentido para a vida.

"Memories will be lost like tears in the Rain"

Aqui está o maravilhoso do filme, uma alegoria à alienação da vida perante a própria vida. À inevitabilidade da morte, e como se sentimos mais vivos a partir do momento em que se sabe que a vida se extinguirá. Esta temática desde então tem sido explorada em melodramas ou em inúmeras comédias românticas, porém é no filme de Scott onde é melhor explorada. As personagens estão em permanente conflito interior e andam em busca de algo que ninguém lhes pode dar... mais tempo.

O filme é um prodígio visual e técnico. Não há um visionamento que se faça onde, não se aprenda algo de novo. Todos os aspectos técnicos estão polidos nesta versão comemorativa. De fora da versão definitiva ficou:
  • O final feliz da primeira versão, algo descontextualizado do ambiente do filme onde está sempre escuro e a chover, e no final temos sol e paisagens… Muitos não entenderam este final… e confesso que eu também não na altura.
  • A voz-off de Harrison Ford muitas das vezes desnecessária e que retirava ao filme um pouco de intensidade dramática. Ao ter acesso aos pensamentos de Deckard estamos a perder o pouco de mistério que a personagem oferece.
Foi introduzido uma nova cena onde é visto um sonho de Deckard, onde é visto um unicórnio. Muitos especulam na possibilidade de Deckard ser um Replicant, uma vez que é sugerida a hipótese das suas memórias serem meros implantes. Reparem também na parte final do filme. Conseguirão ver algo que diga o contrário?

Esta Versão Definitiva é apenas uma versão melhorada do director’s cut de 1992, que desde então ganhou uma maior ambiguidade que não tinha nas suas primeiras versões.

Ao terceiro filme, Ridley Scott filma a sua obra-prima, ainda à espera de ser superada. Um filme onde a ficção cientifica é mais real do que parece. Um projecto algo maldito para Ridley Scott, que depois disso, andou numa espiral de projectos que não fizeram jus ao seu potencial. Uma referencia cinematográfica para qualquer cinéfilo que se preze, objecto de estudo para muitos estudantes e admiradores. Este é um filme que irá transpor as barreiras do tempo. Isto é Blade Runner. (...)


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