Operação
Angola: Fugir para Lutar, de Diana Andringa
A assinalar os 42 anos do 25 de Abril
23 de Abril | 17h
Cine Clube do Barreiro
Operação
Angola: Fugir para Lutar
De: Diana Andringa
Género: Documentário
Classificação: M/12
Portugal e Moçambique,
2015, cor, 120 min.
Sinopse
Em Junho de 1961, cerca de 60 estudantes das então
colónias portuguesas – entre os quais os ex-presidentes de Cabo Verde e
Moçambique, Pedro Pires e Joaquim Chissano, e os ex-primeiros-ministros de
Angola e Moçambique, Fernando Van Dunen e Pascoal Mocumbi – fugiram
clandestinamente de Portugal, onde se encontravam, para escapar à repressão
pela polícia política da ditadura portuguesa, a PIDE, evitar a mobilização
militar ou juntar-se aos movimentos de libertação.
A fuga coletiva foi levada a cabo com o apoio do
Conselho Mundial das Igrejas e a participação ativa de uma organização
ecuménica radicada em França, a CIMADE. Foram jovens protestantes
norte-americanos que, seguindo diretivas da CIMADE, conduziram os fugitivos de
Lisboa, Coimbra e Porto para França, atravessando a Espanha franquista, onde
chegaram a ser presos.
O documentário Operação Angola – nome de código dado à
missão – refez essa viagem, com dois desses protestantes norte-americanos –
Charles Roy Harper, Chuck, que os conduziu em Portugal e Bill Nottingham, que
os conduziu em Espanha – e o angolano Miguel Hurst, ator e filho de um dos
casais participantes na fuga - Jorge e Isabel Hurst – introduzindo, ao longo da
viagem, descrições feitas por vários outros fugitivos em entrevistas realizadas
em 2011, em Cabo Verde.
Nota de intenções da realizadora
Quando,
há 25 anos, ouvi pela primeira vez o relato da fuga dos jovens africanos que,
em 1961, estudavam em Lisboa, pensei de imediato em contá-la em filme. Talvez
porque os que a contavam o faziam com abundância de pormenores, fossem sobre o
contacto para a fuga ou sobre a travessia do rio Minho, pela calada da noite,
de um grupo incluindo casais com filhos pequenos e mulheres grávidas, a prisão
em Espanha ou o aroma do perfume usado pelo inspetor SacheJ, da PIDE/DGS, ao
entrar no café de Coimbra, onde preparavam, com os homens da organização
ecuménica CIMADE, a saída do país, dando à fuga os ingredientes de um filme de
aventuras: a clandestinidade, a organização, os transportes, o suspense, a
prisão quase à beira do objetivo, a salvação e também uma irónica intriga
internacional, envolvendo marxistas africanos, igrejas protestantes e governos
estrangeiros de três continentes.
Diana Andringa
Diana Andringa é uma
jornalista portuguesa, nascida em Angola em 1947. Vinda ainda criança para
Portugal, ao terminar o liceu inscreve‐se na Faculdade de Medicina de Lisboa.
Ativista na imprensa associativa estudantil, troca a Medicina pelo Jornalismo
e, em 1968, entra para a revista Vida
Mundial, da qual sai no âmbito de uma demissão
coletiva. Desempregada, trabalha como copywriter de publicidade. Presa pela
polícia política em Janeiro de 1970, é condenada a 20 meses de prisão. Regressa
depois ao jornalismo. Entre 1972 e 1973 vive em França, onde frequenta o curso
de Sociologia da Universidade de Vincennes, que não termina. Após o 25 de Abril
de 1974 regressa à Vida Mundial e, em 1978, entra para a RTP, onde, anos mais
tarde, se inicia no documentário. Atualmente é documentarista independente.
Filmografia
1979 – “A Década das Vacas Magras”
1985 – “Iraque, o país dos dois rios”
1989/92 – “Geração de 60”, série documental de 6
programas de 50’
1993 – “O Caso Big Dan’s, Violação numa comunidade
portuguesa”
1996 – “Vergílio Ferreira: retrato à minuta”,
“Corte de Cabelo: História de amor, Lisboa, anos 90”, “Fonseca e Costa: A
descoberta da vida, da luz e da liberdade, também”, “David Mourão-Ferreira:
retrato com palavras”, “Rómulo de Carvalho e o seu amigo António Gedeão”
1997 – “António Ramos Rosa: Estou vivo e escrevo
Sol”, “Jorge de Sena: uma fiel dedicação à honra de estar vivo” e “José
Rodrigues Miguéis: um homem do povo na história da República”
1999 – “China, 1999: Retrato em Movimento”
2001 – “Em demanda do Grão-Cataio ou Reinos do
Tibete” (co--‐autoria de Alfredo Caldeira), “Da Matemática como Arte da
Diplomacia” e “Observatório de Pedra”
2002 – “Timor--‐Leste: O sonho do crocodilo”
2005 – “Era uma vez um arrastão”, documentário
colectivo; “Este é o nosso sangue, a nossa vida”, vídeo de 30’ para o Museu e
Arquivo da Resistência, Dili, Timor Leste
2006 – “Regresso ao País do Crocodilo”
2007 – “As duas faces da guerra”, coautoria e
corealização, com o cineasta guineense Flora Gomes
2009 – “Dundo, memória colonial”
2010 – “Tarrafal: Memórias do Campo da Morte Lenta”
2015 – “Operação Angola: Fugir para lutar”